Vivemos em uma sociedade democrática por direito. Somos livres para escolhermos quem serão nossos representantes. Conquistamos com a constituição de 1988, o direito a escolha, ao voto. Voto este que pressupõem a possibilidade de sermos governados por quem bem entendermos e por quem achamos que tem condições para exercer as funções para o cargo que o escolhemos. Até ai tudo bem, apesar de que às vezes nossas escolhas dêem erradas, mas a culpa não é só do sistema e sim das nossas próprias escolhas, ou então da nossa omissão, de não escolhermos e de não verificarmos melhor o nosso objeto de escolha.
Pensando com o colocado acima, se alguma coisa der errada a culpa é nossa que escolhemos mal. Mas onde quero chegar é nas escolhas que estas pessoas acabam fazendo por nós. Ou seja, aquelas pessoas que hoje ocupam um cargo estratégico dentro de uma gestão, de uma administração, muitas vezes não correspondem a nossas escolhas. Se analisarmos os casos recentes envolvendo os governos em todas as esferas, temos vários exemplos de fatos que ocorreram que se dependesse das nossas escolhas poderiam não ter ocorrido. O escândalo das licenças ambientais é um deles.
A grande maioria dos cargos públicos de representação são indicações de pessoas que nós escolhemos. O secretário do município, do estado, os ministros, os diretores, são frutos de escolhas através dos nossos escolhidos, mas diretamente nem sempre são de nosso agrado. Este é o “x” da questão: você se sente representado por estas escolhas? Posso afirmar que de minha parte nem sempre, pois, em todas as esferas do poder tem muita gente que foi escolhida pelo meu escolhido e não me representa. Gente que eu não concordo que esteja ocupando cargos estratégicos.
Se olharmos as administrações públicas, percebemos a grande quantidade de pessoas que não tem as mínimas condições de estarem ocupando cargos que irão influenciar nas nossas vidas. Condições estas, não só pela falta de estudo, de conhecimento de causa, mas também por falta de condições éticas e morais. Apadrinhados políticos que estão ali para cumprir as promessas feitas nas campanhas eleitorais, para agradar este ou aquele, ou então para usufruir dos benefícios e do status do cargo ou até para usurpar do que é do povo. Pessoas estas, que pouco estão preocupadas com o desenvolvimento dos municípios, dos estados ou da nação, até porque muitas não sabem como proporcionar o desenvolvimento.
Este é o país em que vivemos, onde se diz ser democrático. País este em que algum de nossos escolhidos direta ou indiretamente, decidiu que um presidiário tem o direito de fazer a vacina da gripe por estar num grupo de risco – deve ser somente o risco a sociedade – e um professor, ou um cidadão comum não tem este direito. Onde escolhem as pessoas que irão te representar mesmo que você não concorde com a escolha. Onde ainda temos muito que amadurecer, a bem de não continuarmos errando, a bem de continuarmos não reconhecendo de forma legítima quem nos representa, a bem de não avançarmos na velocidade que precisamos. É necessário evoluir para então vivermos uma democracia de fato, de verdade e legítima.
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