sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Jogo – Uma possível ferramenta de construção do conhecimento


A variedade de jogos conhecidos como faz de conta, simbólicos, sensório-motor, matemáticos, cognitivos, coletivos ou individuais, entre vários outros que podemos classificar mostram as inúmeras possibilidades que podem ser criadas através destes, além do entretenimento dos jogadores. Outrossim, podemos perceber neste tipo de atividade, as diferentes habilidades que podem ser proporcionadas a quem as pratica. Entretanto, se o jogo serve para entreter amigos em momentos de lazer, em que predomina a vontade e o prazer de cada um em jogar, este não deve ser forçado. O jogador deve participar livremente do mesmo.

Conforme Huizinga (1990, p.16), a definição de jogo pode ser entendida como

atividade livre, conscientemente tomada como não-séria e exterior à vida habitual, mas ao mesmo tempo capaz de absorver o jogador de maneira intensa e total. É uma atividade desligada de todo e qualquer interesse material, com a qual não se pode obter qualquer lucro, praticada dentro dos limites espaciais e temporais próprios, segundo uma certa ordem e certas regras.

Para facilitar a compreensão da natureza do jogo, Kishimoto (1994 apud SOUZA et al, 2005, p.688) cita as características apresentadas por Huizinga e Caillous, retomadas, mais tarde, por Christie, as quais interligam a grande família dos jogos. Assim sendo, no jogo, estariam presentes:

- O prazer - manifestação de alegria ou sorrisos demonstrado pelo jogador (na maioria das vezes) - ou desprazer;

- O caráter “não-sério” da ação ou efeito positivo (o ato lúdico está relacionado ao cômico, ao riso, em contraposição ao trabalho, considerado atividade séria);

- A liberdade de ação do jogador ou o caráter voluntário e episódico da ação lúdica: sujeito a ordens, deixa de ser jogo;

- A existência de regras (implícitas ou explícitas);

- A incerteza dos resultados (a ação do jogador dependerá sempre de fatores internos, como motivações pessoais, bem como de estímulos externos, como a conduta de outros parceiros);

- O caráter fictício ou a representação da realidade, a imaginação e a contextualização no tempo e no espaço.

Mais recentemente, Christie (1991, apud AMATE, 2007, p.18) aponta outros comportamentos desenvolvidos pelo jogo, que podemos destacar:

- A não literalidade – o sentido habitual é ignorado por um novo;

- O efeito positivo – o jogo gera prazer e alegria;

- Flexibilidade – as crianças estão dispostas a tentar novas possibilidades;

- Prioridade do brincar – o jogo só é jogo quando a criança pensa apenas em brincar.

- Livre escolha – o jogo só pode ser considerado jogo, quando a criança tem a possibilidade de escolher, caso contrário é trabalho ou ensino;

- Controle interno – no jogo são os jogadores que decidem o rumo do jogo.

Em uma abordagem mais psico-cognitiva, Passerino (1998, p.1) descreve:

- Atmosfera de espontaneidade e criatividade.

- Limitação de tempo: o jogo tem um estado inicial, um meio e um fim; isto é, tem um caráter dinâmico.

- Possibilidade de repetição

- Limitação do espaço: o espaço reservado seja qual for a forma que assuma é como um mundo temporário e fantástico.

- Existência de regras: cada jogo se processa de acordo com certas regras que determinam o que "vale" ou não dentro do mundo imaginário do jogo. O que auxilia no processo de integração social das crianças.

-Estimulação da imaginação e auto-afirmação e autonomia.


Referências:

AMATE, F. C. Desenvolvimento de jogos computadorizados para auxiliar a aquisição da base alfabética das crianças. 142 f. Tese – Escola de Engenharia de São Carlos – Universidade de São Paulo, 2007.

HUIZINGA, J. Homo Ludens: o jogo como elemento da cultura.  Tradução de J. P. Monteiro. São Paulo: Perspectiva, 1990.

PASSERINO, L. M. Avaliação de jogos educativos computadorizados. Taller Internacional de Software Educativo 98 – TISE’ 98. Anais. Santiago, Chile, 1998. Disponível em: < http://www.ufmt.br/ufmtvirtual/textos/se_avaliacao_jogos.htm> Acesso em: 15 set. 2010.

SOUZA, C. L. M. PINHEIRO, P. C. MATARAGI, R. MARTINS, S. C. SABINO, M. A. ROQUE, A. S. Jogos didático-pedagógicos como ferramentas para o ensino de línguas estrangeiras. Disponível em: < http://www.unesp.br/prograd/PDFNE2005/artigos /capitulo2010/jogosdidaticos.pdf> Acesso em: 15 set 2010.