segunda-feira, 29 de abril de 2013

Datas comemorativas e a função da escola



Uma questão que julgo ser muito importante em nossa sociedade é a forma como as escolas tratam as questões relativas a datas comemorativas. Celebrar a páscoa, o dia das mães, dos pais, das crianças, o natal, enfim, todas as datas que o calendário nos proporciona são atos que temos que repensar. Estamos vivendo em um país que o valor maior é dado ao que as pessoas têm e não o que são e sentem. O consumo é o carro chefe, de um povo que tanto em cultura e educação ainda é muito pobre.

Os governos afirmam que a concentração de renda está mudando, que o poder de compra do brasileiro é maior hoje, que a inflação está controlada e dentro das previsões. Desta forma induzem as pessoas a consumirem, oferecendo crédito em qualquer esquina. No entanto não é difícil percebermos famílias vivendo em extrema miséria, na pobreza, contando os “trocados” para poderem colocar o que comer na mesa. Pais, mães, madrastas e padrastos, tios, tias, avós, ou responsáveis trabalhando de dia para terem o mínimo a compartilhar com seus a noite.

Por outro lado muitas escolas parecem que não perceberam ainda que a nossa sociedade esteja vivendo um momento diferente, no que se refere as famílias. Deixamos de ter aquela família tradicional, onde moram em uma casa, pai, mãe e seus filhos para uma família diferente, onde moram os adultos responsáveis e seus dependentes. Sendo assim, é muito importante a escola repensar as comemorações de muitas datas festivas que o calendário oferece.

Não dá para um educador pedir para uma criança que sua mãe mande para a escola uma foto dela grávida para uma comemoração do dia das mães por exemplo. Imaginem a confusão mental e psicológica que uma criança pode fazer num momento destes. Se esta criança não tem mais mãe, se ela é adotada, se vive com uma madrasta, enfim várias situações podemos imaginar. Ou então pedir a roupa ou algum instrumento de trabalho do seu pai. Além destas datas temos ainda a questão de comemorações religiosas. A crença de um muitas vezes não é a crença do outro. O significado de uma data para uma religião não é o mesmo para outra.

Outro fato que me deixa muito desconfortável é a disputa que virou estas comemorações dentro de muitas escolas. Principalmente na educação infantil e no ensino fundamental, onde as crianças menores são influenciadas pelos seus professores, muitas vezes sem ao menos serem consultadas. Tem escolas que gastam um monte para fazerem roupas especiais, comprar presentes imponentes, contratar produtoras, alugar salões para apresentações, entre outras “coisinhas mais”. Na maioria das vezes as famílias têm que desembolsar uma quantia desta produção sem ter, a bem do seu dependente não participar da apresentação, de ser excluído pela escola que tem o dever de incluir todos. Nem vou falar aqui dos concursos de gato, gatinha, brotinho, entre outros, onde se estabelece uma verdadeira disputa de beleza dentro da escola.

Mas qual o dever da escola?  É ficar incentivando o consumo?  É ensinar seus alunos que tem que ser melhor que o seu par? É ensinar que o bonito é o melhor? É ensinar o que? Várias respostas irão surgir. No meu entendimento a escola é o local onde devemos compartilhar nossos conhecimentos, trocar com o outro, construir e reconstruir conceitos. É ensinar os conceitos de matemática, ciências, português, história, filosofia, sociologia, educação física, mas também que o mundo lá fora não é tão fácil e bonito assim, que a mesma competição que existe nas apresentações da escola, existe lá fora, mas não leva ninguém a nada, apenas cria uma sociedade mais injusta e desigual.

Já é tarde e infelizmente isto ainda acontece, não sei se por termos pessoas despreparadas dentro das salas de aula ou muitas vezes na gestão das escolas e órgãos superiores, ou então por acharem que a função da educação e da escola é esta. Cabe a nós professores mudar este cenário que só prejudica o ambiente escolar. A competição dentro da escola deve ser transformada em cooperação, onde todos buscam um objetivo junto, sem ferir o próximo, sem ferir o outro. Escola é lugar de construção do conhecimento.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Tecnologia, sociedade e educação: reflexões de um professor



A tecnologia na sala de aula é sem dúvida uma grande aliada do professor na hora da construção do conhecimento junto ao aluno. Dotar as escolas com estas é um dever de todo o gestor de educação. O momento em que estamos vivendo é por muitos chamado de “era tecnológica”, mas a maioria das escolas parece ainda estar um estágio antes.

Hoje só disponibilizar um computador na escola já não é mais o suficiente. Além dele é preciso oferecer outros recursos, como máquina fotográfica digital, filmadora, projetor multimídia, lousa digital, entre outros. Liberar o uso dos aparelhos celulares que na sua maioria já são iguais ou melhores que os computadores que a escola tem, também é uma necessidade. Nossos alunos passam a maior parte do seu dia com o celular, ouvindo músicas, transferindo arquivos, escrevendo mensagens e navegando na internet. Temos, é que potencializar o uso desta ferramenta na sala de aula.

Por outro lado só os equipamentos não é o suficiente. É necessário que cada escola tenha um profissional da área de tecnologia, para dar suporte aos demais educadores. A formação continuada e o suporte aos professores são muito importantes, para que possam usar ao máximo o que a tecnologia tem a oferecer. Um professor especialista em uma área, não tem que necessariamente dominar estes recursos tecnológicos ele precisa sim saber utilizar e o profissional da tecnologia é quem pode ajudar dando o apoio necessário.

Mas tudo isto, exposto acima não é novidade para ninguém. Então porque não são oferecidos equipamentos e dado suporte as escolas e aos educadores? – A maioria das escolas, não tem um profissional de informática. – Não há interesse real dos governos em investir em educação? O interesse fica somente nos discursos eleitorais, onde dizem que um país para se desenvolver necessita investimento em educação?

Muitas colocações e perguntas poderiam ser feitas e as respostas seriam as mais variadas. O que se tem de real é que muito pouco é feito e a resposta a sociedade percebe a cada dia. A quantidade de adolescentes e crianças “vivendo” nas ruas – evadidas do ambiente escolar –, roubando, viciadas em drogas, é a imagem, o retrato do descaso com a educação no nosso país.

É claro que a tecnologia não tem o poder de resolver tudo isto. Ela pode ajudar além da qualidade da aula, também a despertar um maior interesse nos alunos. Temos enquanto educadores também, que fazermos uma reflexão e vermos onde podemos melhorar nosso desempenho profissional. Precisamos da tecnologia, para tornarmos quem sabe nossa aula mais interessante. Para atingirmos esta “nova clientela” que nasceu e vive em uma sociedade conectada, uma sociedade tecnológica. Aquele aluno que hoje é um problema na sala de aula pode ser um aluno incomodado com a metodologia que estamos utilizando, a mesma que deu certo anteriormente e que hoje pode estar precisando de ajustes, de novos recursos, de uma reconstrução.

Sendo assim podemos afirmar que a educação e a tecnologia têm um papel fundamental na sociedade em que estamos vivendo, que estamos construindo e que iremos deixar para nossos filhos e netos. É necessário que o quanto antes os ajustes sejam feitos, que o governo de fato cumpra com o seu papel, que invista pesado na educação, em tecnologia, em formação para que possamos então melhorar o que dizem ser fundamental para uma sociedade desenvolvida. Precisamos de equipamentos desde o mais simples até os mais sofisticados para que possam ser explorados no ambiente escolar. Precisamos de especialistas, mestres e doutores nas escolas e assim estaremos construindo uma sociedade mais justa e promissora, uma sociedade para todos.

Hoje a escola mesmo da forma que está, consegue ainda atrair alunos interessados, que querem estudar, assim como professores que ainda sonham com as mudanças. Os governos afirmam que se esforçam para oferecer transporte escolar, merenda que muitas vezes é a única forma de alimentação dos estudantes mais carentes, dá lá suas “esmolas” através das bolsas que inventa, cria programas para aumentar o tempo do aluno na escola, mas é preciso mais, muito mais. Da maneira que está hoje, a educação no Brasil ainda tem muito que melhorar a bem de não termos a sociedade que almejamos.
Professor Luiz Elcides

terça-feira, 2 de abril de 2013

A necessidade de escrever e falar corretamente


Pobre língua portuguesa. Tão bonita e tão maltratada.

Imagine estragar um elogio assim. Essepicional: "excepcional" com dois "ésses" e um "i" sobrando. Pro-penção: "propensão" virou duas palavras - e com cê cedilha. Sensura: e a "censura" ao bom português saiu com "s". São palavras de jovens que já estão na faculdade.

Em um levantamento com mais de sete mil estudantes de nível superior e de nível médio, 28% não passaram no teste.

Assista a reportagem veiculada no Jornal Nacional sobre o assunto. Ver reportagem.